Jorge Herberth, jornalista, é amapaense e mora a alguns anos em Belém. De vez em quanto vem à Macapá e deixa escapar versos como estes. Cheios de reminiscências e saudades.
Olha o leiteiro
Meu amor
Encheu de leite
A vasilha
Que a Chica deixou
Nem derramou
Olha o padeiro
Meu amor
São cinco pães
Torrados
Na sacola
Que o Abel pendurou
Olha a briga das crianças
Meu amor
Pelo bico do pão
Amaciado /torrado
que o padeiro
amassou
Olha o açaí roxinho
E cheiroso
Na panela de alumínio
Que seu Nonato marcou
Olha a tarde chegando
Meu amor
Com a chuva fina
Meu amor
Com o vento
E a semente do tempo
Que o tempo
Do rio Amazonas carregou
Do aroma do pão da tarde
Cheiro de amor quentinho
Que a Fábrica Amapaense
Pela cidade
exalou
O cheiro ardente do meu amor
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