Publicado no jornal Correio do Amapá de domingo, 10.10.10
Todo caminho é sem rumo
cruza farpados, rios e matagais
faz curva que nem o esse
quem dera, flor, eu pudesse
saber descaminhos mais.
Todo caminho é de vaivém
tem andarilho, poeira e pó
visagem na encruzilhada
lua de prata na madrugada
aluminando quem anda só.
Todo caminho é atalho
na pressa amiga dos passos
pelas pousadas da vida
é feito uma linha partida
que a gente junta os pedaços.
Todo caminho é sem tino
anda de frente pra trás
passa por todos os cantos
leva gente, recados e quantos
amores, para nunca mais.
Corro com as pernas do vento
mãe d'água quer me agarrar
beira de rio me fascina
faz tontear minha sina
canoa dá sede de viajar.
Fio de caminho me leva
de mim querendo esquecer
que nem menino encantado
sorrindo e sendo levado
pras bandas do endoidecer.
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Manoel Bispo é artista plástico, compositor e poeta.
Publicado no livro Canto dos Meus Cantares. GEA/SEC. Macapá, AP. 1990.
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