segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Grupo Pilão, 35 anos de música

Por André Mont'Alverne
Desde 1975, quando surgiu no III Festival Amapaense da Canção – FAC, realizado no auditório da Rádio Difusora de Macapá, o Grupo Pilão iniciou um percurso de valorização e divulgação da música local que influenciou diretamente na criação da identidade musical do Estado.
Naquele dia 23 de setembro de 1975, o Grupo Pilão nascia envolvido em polêmica, se apresentando ao público amapaense usando um pilão como instrumento de percussão na música “Geofobia”, que foi a canção preferida do público, porém ela foi ignorada pelo júri do Festival e desqualificada gerando forte matéria jornalística sob o título “Festival terminou com vaias ao júri caduco e alienado” (Jornal do Povo, Ano I, nº 82, de 27.09.75).
Bi Trindade, Fernando Canto, Orivaldo Azevedo, Marilene 
Azevedo, Juvenal Canto, Leonardo Trindade e Eduardo Canto
Após 35 anos o Grupo Pilão já realizou inúmeros shows, gravou três discos e divulgou a cultura amapaense no Brasil e no exterior. Hoje, poucos se lembram das músicas ganhadoras do histórico III FAC, no entanto “Geofobia”, que compõe o CD “Na Maré dos Tempos” de 1996, faz parte do imaginário musical amapaense.
Juvenal Canto, Eduardo Canto, Bi Trindade, Fernando Canto,
Orivaldo Azevedo e Tito Melo
Fundado por Fernando Canto, Bi Trindade e Juvenal Canto, atualmente o Grupo Pilão conta também com os músicos, Orivaldo Azevedo, Eduardo Canto e Leonardo Trindade. Com esta formação o grupo se mantém desde 1996.
A maioria das letras das músicas gravadas pelo Grupo Pilão é de autoria de Fernando Canto. Outros compositores como Bi Trindade, Eduardo Canto, Sílvio Leopoldo e Manoel Cordeiro têm músicas gravadas nos três CDs que compõem a discografia do Grupo.
É importante frisar a presença do maestro Manoel Cordeiro, responsável pelos arranjos superatuais e pela direção musical dos 3 CD’s que compõem a discografia do Pilão. Cordeiro, com sua vasta experiência em gravação de CD’s, deixa um legado instrumental empático que torna as músicas mais ricas.
A idéia do Grupo sempre foi a de valorização da cultura local e popular em todas as suas manifestações e algumas trazem um teor ideológico de natureza política que reflete a preocupação de seus componentes com os diversos momentos da ocupação amazônica e as transformações econômicas, ambientais e sociais que o Estado do Amapá enfrentou. Um exemplo disto são as canções “Pedra Negra” (Fernando Canto) sobre a exploração do manganês na Serra do Navio e Tumuc-Humac (Fernando Canto) sobre a preservação do meio ambiente.
Já a canção “Quando o Pau Quebrar” (Fernando Canto), participou em1974 do festival do SESC e TV Itacolomi em Belo Horizonte-MG e ficou em 2º lugar, simbolicamente é um desejo de luta contra a opressão que naquele momento histórico (1974) era representada pelo regime ditatorial dos militares. No contexto histórico estavam a Guerrilha do Araguaia e o episódio do “Engasga-Engasga” em Macapá, no qual ele foi envolvido e detido para interrogatório no quartel do Exército. A música também é uma expressão de raiva e esperança do compositor.
Todavia, a grande contribuição do Grupo Pilão para a música amapaense foi, certamente, a pesquisa de ritmos do folclore amazônico, como os do Marabaixo e do Batuque, de origem africana; do Coatá e das Folias ritualísticas que permitiu a realização do mapeamento musical do Estado do Amapá, bem como a difusão da cultura original de cada uma dessas manifestações.
Leonardo Trindade, Manoel Cordeiro, Bi Trindade, Fernando Canto, Juvenal Canto e Orivaldo Azevedo (sentado).
Depois de ter sobrevivido por mais de três décadas, lutando bravamente em prol da nossa música, o Grupo Pilão prepara seu retorno em um grande show, com novas canções, a ser realizado no Centro de Cultura Negra, no início de dezembro. A apresentação será uma espécie de prestação de contas aos seus fãs mais fiéis e a todos aqueles que gostam da boa música regional.

Publicado no jornal Correio do Amapá de domingo, 26.09

SAHARESCO

Alcy Araujo (1924-1989)

Primeiramente apunhalei um infiel, desses cães mentirosos a quem chamam legionários e que, dizem, trocam de nome quando entram para a Legião. Isto aconteceu logo após as orações da manhã.
Depois comi tâmaras e tomei água fresca no oásis onde estava acampada a caravana de Bem Yusuf.
Então partir, eu e minha camela Yasmin, ao encontro do fazedor de tendas. Um bom sujeito, o Omar.
Tratamos de negócios e conversamos muito após as orações da tarde, à entrada de sua tenda, sob as estrelas. Omar falou que não temia a justiça de Deus porque sempre fora um homem sincero e mostrou – se um grande apreciador do vinho.
Segundo sua opinião, se os que gostam de vinho são danados no inferno, é possível que o dito esteja lotado de seus apreciadores.
Falou também, que a vida pouco lhe interessava, dizendo que havia sido bem lhe deram sem o consultar e que restituiria com indiferença, a qualquer momento.
Por fim, caímos em silêncio, bêbados de vinho, poesia e estrelas.
Ao despedir-me, ganhei um frasco de óleo aromático e um punhal com cabo de marfim. Parti. Eu, a minha camela, o frasco, o punhal e a poesia de Omar, com destino à minha tribo itinerante.
Antes, ia esquecendo, encontrei o Simum. Vento dos infernos, quente como o diabo. Yasmim deitou – se e eu fiquei escondido atrás dela até passar a tempestade. Ao encontrar minha tribo, a Bem Amada tinha sido vendida a Bem Amed, o mercador.
Só restava comer tâmaras ou beber vinho. Bebi vinho. Alah perdoará a minha bebedeira.
Foi quando chegou Sheerazade, contando histórias para que eu esquecesse a Bem Amada. Ninguém como ela para contar histórias. Acontece que  papai, beduíno velho, calejado por muitas andanças, não foi na conversa e saiu à procura  dos seus olhos feitos de noite, de oásis, revistando caravanas, orando em todas as mesquitas, comparecendo a todas as feiras de escravos, violando haréns. E nada. Viajei para o Norte e os esquimós não souberam a minha linguagem; desci para a Antártida e os pingüins não me compreenderam; segui a rota de Marco Pólo para o Oriente e a de Colombo para o Ocidente; dobrei dezoito vezes o cabo da Boa Esperança; subi de Convair até encontrar a habitação do Anjo e desci com o Capitão  Nemo até o fundo dos sete mares.
Finalmente, acordei cristão, na Latitude Zero, com um amargo danado de cachaça na boca ressequida.
 ________
Do livro Autogeografia, lançado em 1965.

Alcy Araujo, no prefácio de Autogeografia
Este é um livro no qual se flagram acidentes do mim mesmo. Alinhei palavras unicamente para colocar no quadro da minha geografia este ou aquele cais, os caminhos, os abismos, os desertos, as latitudes em que estacionei e vivi no minuto preciso para dizer o que está dito. Palavras antigas que o poeta (fácil é perceber) balbuciou na juventude e expressões de que está falando nesta hora, sem pensar no amanhã, sem nem te ligo para a perenidade do verso ou a uma possível evolução que a experiência tenha vegetativamente produzido.

Pretendi, assim, apenas ser terno, dentro de um mundo pleno de revolta, de angústias, desencantos. Não desejei mais, nem mais poderia.

Estou nu, como o sou diante do meu Anjo, desde a minha inauguração até o agora. Amanhã, talvez, terei mudado. Metamorfose ou metempsicose. Mas aí estas palavras e este carinho terão passado, por ser só este pouco o muito pouco que posso oferecer:

O meu humílimo gesto de poeta.

Publicado no jornal Correio do Amapá de domingo, 27.09.10 - Caderno Batuque

Um Museu de grandes novidades

Por Renato Flecha

A promoção de cultura no Amapá acelera a passos largos e em todas as suas vertentes. Em 2010, o setor audiovisual do Estado ganhou força. O Museu da Imagem e do Som do Amapá (MIS-AP), que foi fundado em 2007, intensificou suas ações.
O Museu funciona no segundo piso do Teatro das Bacabeiras, no centro de Macapá, e tem como missão preservar, mapear e divulgar registros audiovisuais referentes à história e cultura do Amapá, por meio de ações de educação patrimonial, eventos que promovam elementos de nossa cultura e ações de formação de produtores audiovisuais.
Parafraseando o poeta Cazuza, no MIS “eu vejo um museu de grandes novidades”. O Museu é aberto à visitação pública, de segunda à sexta, no horário comercial, de 9h às 12h e de 14h às 18h.

O responsável pelas ótimas ações do MIS é o diretor do Museu, o fotógrafo, jornalista e professor universitário, Alexandre Brito. Durante sua gestão, que iniciou em novembro de 2007, o administrador tem buscado realizar ações mais contundentes, que permitam ao MIS,  se tornar um museu mais conhecido e, consequentemente, mais útil aos cidadãos amapaenses. O MIS é, dos museus existentes no Amapá, o único que disponibiliza seu acervo na internet, para que a cultura amapaense seja conhecida e minimamente pesquisada por qualquer pessoa que tenha acesso à rede mundial de computadores.

De acordo com Alexandre Brito, essas ações afirmativas passam, inevitavelmente, por um tratamento adequado do acervo, como: catalogação, digitalização e facilitação do acesso às fotografias, slides, vídeos, filmes e áudios que compõem a reserva técnica do MIS-AP. Segundo ele, as ações do MIS buscam cuidar da memória de nosso Estado e estimular a sociedade a conhecer-se melhor e a registrar suas práticas cotidianas como uma forma de valorização de seus saberes.

“E aqui estamos nós, buscando, diariamente, atingir essas metas. A tarefa não é fácil, mas também reconhecemos como extremamente necessária. Imagens e sons possuem a propriedade de carregar consigo muitas memórias. A preservação e difusão delas representam a possibilidade de levar às gerações futuras a chance de conhecer os modos de viver, fazer e pensar de seus antepassados”, explicou Alexandre Brito.

Enfatizou ainda, “Cuidar dessas memórias é uma das finalidades de um Museu da Imagem e do Som. Partindo da interação com essas lembranças, memórias ou registros audiovisuais, temos a oportunidade também de entender melhor nosso próprio presente, fortalecendo nossos laços e vínculos identitários e, ao mesmo tempo, adquirir maiores referências para agir ativamente no processo dinâmico da história e da cultura”.

Acervo

O acervo do MIS é composto por uma infinidade de suportes. Alguns deles estão em excelente estado de conservação e outros precisam de um cuidado especial, por estarem em processo de desgaste avançado. Por isso, é necessário que a digitalização aconteça da forma mais ágil possível. É nessa fase que a equipe está trabalhando nesse momento.

A prioridade estabelecida é para a digitalização das fotografias. Isso se justificativa pelo fato de ser ela o item do MIS mais procurado por pesquisadores e alunos dos ensinos Médio e Superior. Após essa etapa, o MIS iniciará a digitalização dos VHS, segundo item das demandas encaminhadas para o Museu.
O acervo do MIS se constitui de 13.000 fotografias impressas;        1.000 horas de vídeo em VHS; 150 horas em MiniDV; Películas super 8mm; Películas 35mm; Slides; Fitas K7; CDs; DVDs; Livros.

Projetos

Entre os projetos do Museu estão o “Histórias Daqui”, “Clube de Cinema”, além da “Digitalização de fotos históricas” do Amapá e Upload do acervo de parte do acervo para internet. O projeto Histórias Daqui busca gravar, com os artistas e moradores mais antigos do Estado, vídeos que possam registrar as memórias dessas pessoas a respeito do cotidiano da cidade e de suas memórias afetivas em relação à nossa cultura. Já o Clube de Cinema do MIS, que acontece em parceria com o Serviço Social do Comércio (SESC-AP), realiza reuniões quinzenais nas quais se projeta filmes para que o público possa refletir sobre cinema e vídeo. Esta ação busca estimular o estudo e a profissionalização dos produtores independentes do Amapá.
                       
Eventos

Vários eventos foram realizados pelo MIS, entre os quais, cursos cinema e vídeo, curso de Fotografia, Produção, Direção, Roteiro e Iluminação para cinema e vídeo. Além  das capacitações, o Museu promoveu o II Colóquio Amapaense de Fotografia e a I Maratona Fotográfica do MIS.

Resumo da ópera: o MIS é um espaço de criação, resgate e exposição cultural. Possui profissionais capacitados e comprometidos com o audiovisual local. Setor de grande relevância e eficiência, que ascende dentro de vários segmentos no Amapá. Faça uma visita ao MIS e conheça mais de nossa história, através de sons e imagens, uma verdadeira viagem no tempo.

As informações sobre o MIS estão disponíveis no blog do Museu, no endereço eletrônico: www.museudaimagemedosom.blogspot.com e e-mail para contato é: museudaimagemedosom@gmail.com.

Publicado no jornal Correio do Amapá de domingo, 27.09.10 - Caderno Batuque

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Graças à nova administração, Teatro das Bacabeiras funciona a todo vapor

Por André Mont’Alverne

só o disney _ O Teatro das Bacabeiras, local que tem a sublime missão de ser o centro cultural de Macapá, está, desde o início de agosto de 2010, sob nova administração. O produtor cultural Disney Furtado da Silva melhorou a forma de funcionamento da casa de espetáculos e a realização de eventos artístico-culturais na capital amapaense. De acordo com o administrador, em sua gestão, o espaço está mais acessível á classe artística de Macapá.

Conforme Disney, nessa nova fase, o Bacabeiras abriu as portas para a comunidade artística de todas as vertentes. Foi realizada uma reunião com as produtoras e grupos culturais locais, com o objetivo de identificar as demandas existentes no setor e resolvê-las. Hoje em dia, o Teatro, que fica localizado no centro de Macapá, está mais acessível, os movimentos culturais recebem as pautas do Bacabeiras, interando-se previamente de sua programação, as salas estão abertas para ensaios e a burocracia para o uso do Auditório foi minimizada. Enfim, antes tarde do que mais tarde.

Agora os artistas de gêneros diversos possuem orientação e apoio logístico, pois a administração adquiriu material especializado para desenvolver suas ações, inclusive na confecção de banners para a divulgação de eventos. Os funcionários do Teatro receberam treinamento para receber o artista e como ajudá-lo em suas atividades. Outra benfeitoria da nova administração foi na estrutura do Teatro, que passou por reparos e resolveu um antigo problema, a refrigeração do local.

Este apoio e preferência é primordial, fato que só se tornou possível quando um produtor cultural assumiu a casa de espetáculos e intensificou seu comprometimento com a arte amapaense, viabilizando assim o bom funcionamento do Bacabeiras. Neste período da nova administração, a o Teatro já recebeu companhias de Teatro do Nordeste e do Sul do Brasil.

Entre as ações que virão, estão as atividades e peças teatrais, a continuidade do “Projeto Escadaria”, que consiste em shows em frente à casa e o “Projeto Pano de Fundo”, que será realizado na parte de trás do Bacabeiras. Sobre o Pano de Fundo, Disney explicou que ele será diversificado, poderão ser exposições, shows, peças ou qualquer tipo de manifestação cultural.

“Estamos sanando pequenos problemas estruturais e nos aparelhando para que o artista se sinta bem, por que sem eles, o Teatro não funciona. Queremos que nosso espaço seja usado 80% do tempo em manifestações artísticas e somente 20% para eventos institucionais. O Bacabeiras está de portas abertas para os artistas amapaenses e comunidade em geral, nosso objetivo é cumprir nosso papel como casa de cultura de Macapá”, disse Disney Silva.

O Teatro

O Teatro das Bacabeiras foi inaugurado em 1992, com uma arquitetura moderna, é um dos grandes patrimônios arquitetônicos de Macapá. Sua capacidade é para 705 pessoas (sentadas). Um detalhe chama atenção, a acústica do Teatro é perfeita, elogiada por muitos os artistas de fora do Estado, que já se apresentaram na casa.

Publicado no Caderno BATUQUE do jornal Correio do Amapá (www.correiodoamapa.com) de domingo, 19/09

Dudé Viana, o “andarilho da canções”

Por Renato Flecha

Dude_viana O cantor e compositor potiguar, Dudé Viana, realizou ontem (18), no Centro de Cultura Franco Amapaense, o show “Papo show – Isso só acontece comigo!”. Durante a apresentação, que durou cerca de 1h e 30 minuitos, o artista tocou e cantarolou canções de sua autoria, tipicamente nordestinas. O diferencial da apresentação foi a irreverência de Dudé, que, entre uma música e outra, contou histórias sobre situações inusitadas que lhe aconteceram ao longo dos 38 anos de carreira, tudo com muito bom humor. O objetivo do evento foi difundir a cultura musical e o entretenimento dos cidadãos macapaenses. A entrada da apresentação foi gratuita.

Segundo o compositor, que está na capital amapaense visitando familiares, seu show é uma espécie de monólogo sobre suas experiências. Conforme o músico, a idéia do “Papo Show” surgiu em 2007, depois que o artista se apresentou em Brasília (DF), em novembro de 2007, onde realizou um “talk show”, a pedido de jornalistas que admiram o seu trabalho.

Dudé já tocou nas principais capitais do Brasil, entre elas o Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e em Belo Horizonte. Também realizou shows internacionais, no Paraguai, Chile e Argentina. O músico iniciou sua carreira em 1972. Durante sua trajetória, gravou cinco discos, dois vinis e três CDs, além de duas coletâneas.

Por causa de suas melodias, Dedé recebeu o título de "Cidadão Fluminense", da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, junto com o cantor Martinho da Vila. No alto dos seus 60 anos, o artista manteve, durante seu show, o público em contato com as boas vibrações de seu violão e sua voz.

Conforme Viana, que recebeu o apelido de “andarilho das canções”, musicará uma letra de Marabaixo, composta por seu primo, o servidor público Paulo Gurgel. Dudé, que canta e encanta, além de compositor, cantor e instrumentista, é um poeta em aprimoramento constante, um artista sedento pela cultura musical dos locais que visita e se apresenta. Ah, ia esquecendo, o homem é uma simpatia, fala manso e tem um papo muito agradável. É muito bom conhecer gente talentosa e boa praça.

“Minhas músicas são nordestinas na essência, mas, em minhas andanças, observei a musicalidade de cada cidade por onde passei, sorvendo cultura. Tanto é que, tenho composições em homenagem a cada uma delas e com o Amapá não será diferente. Pois o meio do mundo é merece. Musicarei uma letra de Marabaixo, com um toque do nordeste, uma forma de interação musical e, consequentemdente, cultural. Esta canção entrará no meu próximo CD, que se chamará “O andarilho das canções”, assinalou o artista.

Publicado no Caderno BATUQUE do jornal Correio do Amapá (www.correiodoamapa.com) de domingo, 19/09

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Phábio Souza, um talento santanense no teatro

Publicado no Caderno BATUQUE do jornal Correio do Amapá de domingo, 12/09

Por Socorro Barros

GetAttachment[1] Poeta, animador, mestre de cerimônia, Coordenador e Educador Cultural, são alguns dos atributos que o ator Fábio Souza Moreira, o Phábio Souza, como é conhecido no meio artístico, carrega em seu vasto currículo.

Nascido em Macapá, Santanense de coração, Phábio Souza tem 27 anos, e atua nos grupos de teatro Que Maravilha, Bando do Teatro, Língua de Trapo e Encanto da Lagoa, o qual é o Coordenador e responsável.

O inicio de sua carreira foi aos 10 anos de idade ao participar de uma peça teatral na Escola Municipal Pe. Ângelo Birag, o qual atuou com o papel principal em comemoração ao dia do índio. A partir daí foi dado o pontapé inicial para que sua carreira artística fluísse cada vez mais.

Tendo como mestre e inspirador, o renomado professor de teatro Carlos Lima, Phábio começou a aperfeiçoar seu talento artístico participando de inúmeras oficinas como: Iniciação Teatral, Expressão Corporal, Manipulação de Bonecos, Dramaturgia, entre outros inúmeros cursos, oficinas e palestras.

Paralelo a este processo de aprendizagem e aperfeiçoamento, Phábio passou a atuar em algumas peças teatrais como: No Tempo da Ditadura; A turma da Fanfarra; Nazareno, o Revolucionário (todas do Grupo de Teatro Língua de Trapo), Açaí Gool; A farsa do advogado Pathelin (Bando do Teatro), Os dentinhos que Brilham; Matinta Pereira; Cai Fora Dengue; Jovem, Paz e amor de transito (Grupo de Teatro Que Maravilha).

Em 2009, Phábio realizou inúmeros trabalhos diante da Coordenadoria Municipal de Promoção da Igualdade Racial – COMIR/PMM, com o personagem principal o Palhaço Nescau, atuou também em vários espetáculos apresentados no Teatro das Bacabeiras e no Teatro do SESC Araxá. Em um desses espetáculos teve uma importante participação na peça de circulação nacional nos principais teatros do país, a comédia “Dores de Amores”, com atores de reconhecimento nacional como a atriz Nathália Rodrigues e o ator Otávio Martins, que esteve em cartaz nos dias 19 e 20 de Novembro no Teatro das Bacabeiras.

Atualmente Phábio Souza está atuando nas escolas da rede estadual e municipal de Macapá e Santana com as peças: Encanto da Lagoa e Super-verdinho: em defesa do meio-ambiente, as quais destacam a importância da preservação do meio ambiente e de nossas áreas de preservação ambientais – APA, tais como a Lagoa dos Índios, Curiaú, Fazendinha, entre tantas que temos no nosso estado.

Não temos dúvida de que o município de Santana é um berço de talentos na arte de atuar em palcos. Phábio Souza é um desses exemplos nesta área.

Todo artista merece e precisa de um espaço para atuar, interagir com o público, expressar e ensinar sua arte às novas gerações. Mais infelizmente, este tão esperado e sonhado espaço, que seria o Teatro Municipal está custando muito a ser entregue aos santanenses, motivo pelo qual leva muitos artistas a realizarem seus trabalhos na capital amapaense. Já está na hora da Prefeitura de Santana dar continuidade às essas obras inacabadas e emperradas por motivos que a população desconhece. Bye!

Art Dance

Publicado no Caderno BATUQUE do jornal Correio do Amapá de domingo, 12/09

Por Socorro Barros

Foto Art Dance II O grupo de dança Art Dance, surgiu através de um projeto cultural na Escola Estadual José Ribamar Pestana, no município de Santana, em 1995. Arlete Carvalho, diretora na época e idealizadora do projeto, pensou na possibilidade de descobrir e valorizar novos talentos e principalmente, aproximar a comunidade da escola. Através do projeto, a disciplina de dança regional e popular, ficou paralela às aulas de Educação Física, as quais os alunos poderiam escolher em dançar ou participar das aulas de educação física.

Com o projeto “Axé na Escola Pestana”, a escola passou a abrir aos finais de semana para os alunos aprenderem a dançar Axé. Com o passar do tempo as aulas de dança tornaram-se a sensação no momento entres os estudantes. Os alunos que mais se destacavam passaram a integrar o grupo de dança Art Dance, fato este que abriu um leque de oportunidade ao grupo para participar de inúmeros eventos, tais como: festivais de dança no Teatro das Bacabeiras, eventos culturais de outras escolas, apresentações em expo-feiras, além de incentivar a formação de outros grupos de dança na comunidade.

Atualmente o grupo de dança Art Dance é composto por 14 bailarinos: Simone (coreógrafa oficial), Paloma, Pâmela, Paula, Maynara, Tairini, Taiane, Rosiane, Driele, Gleyciane, Bruno, Rafael, Jair e Arley, todos sob a coordenação da Profª. Arlete Carvalho. O grupo se apresenta em vários estilos como: Axé, brega, forró, jazz, dança moderna, MPB, Regionais AP e PA. Em novembro, o grupo Art Dance estará completando seus quinze anos de sucesso, e para comemorar a carreira do grupo e retribuir o carinho que o público estudantil vem dispensando ao longo destes anos, Arlete Santos, idealizadora do grupo e seus bailarinos gravaram um DVD das melhores apresentações e momentos do Art Dance, a ser lançado no mês de aniversário do grupo de dança.

O grupo é tetra-campeão do FEMDAE – Festival de Música e Dança Estudantil, realizado todos os anos pela Escola Estadual Zolito Nunes. Vale destacar que os títulos conquistados neste festival são todos em anos consecutivos: 2006, 2007, 2008 e 2009, no estilo regional e popular. Art Dance também foi Campeão do 1º. Festival de Dança Estudantil do Município de Santana, em versão única 2008. Esses títulos foram conquistados em parceria com a Escola Estadual Augusto Antunes.

Há sete anos o Art Dance faz parte da programação oficial da Expo-feira do Amapá, e este ano, como não poderia deixar de ser, mais uma vez estará presente na Expo-feira, representando o município de Santana. Parabéns ao grupo de dança Art Dance.

A diversidade de Rosa Moutinho, a nova artista amapaense

Publicado no Caderno BATUQUE do jornal Correio do Amapá de domingo, 12/09

Por Renato Flecha

rosa_ Com o passar dos anos, a arte no Amapá vem ganhando destaque. Partindo desta premissa, visitei, na sexta-feira (3), no Monumento do Marco Zero do Equador, a exposição de arte “Diversidades”, da artista plástica Rosa de Fátima Campbell Moutinho. Confesso que fui à mostra de maneira despretensiosa, a convite de um amigo. Apesar de não ser um grande conhecedor do assunto, me surpreendi com a qualidade das 63 obras ali expostas. Por meio delas, a artista declarou seu amor à sua terra natal, o município de Mazagão.

Na mostra, que foi realizada pela produtora Sônia Canto, no período de 3 a 9 de setembro, a nova artista amapaense encantou centenas de visitantes com a beleza e sutileza de suas peças. As pinturas e colagens possuem referências geográficas, contemplação à natureza, costumes e cotidiano nortista, tudo retratado de forma madura. Em suas telas, Rosa expressa sentimentos e características marcantes da nossa cultura e da Amazônia como um todo. As obras possuem um exuberante realismo, que reproduz madeira, mármore, paisagens e objetos com perfeição. As peças são únicas, não há nenhuma igual à outra.

Rosa Moutinho possui uma história artística meteórica e emocionante. Pedagoga aposentada de suas atividades na Universidade Federal do Pará (UFPA), a artista escolheu a pintura como terapia ocupacional. Em uma viagem de férias, feita à cidade de São Paulo (SP), em novembro de 2009, visitou uma exposição e ficou fascinada por arte.

Ao observar tamanho interesse pelas obras, um professor de Arte se ofereceu para ensinar-lhe técnicas de pintura. De acordo com a artista, em somente dois dias de aula, ela pintou cinco telas e não parou mais. Em apenas oito meses de carreira, a artista produziu mais de 100 peças, que expôs em três amostras: no Rio de Janeiro (RJ), em Belém (PA) e em Macapá, esta na semana passada. Por causa da boa repercussão, a artista já recebeu propostas para expor suas telas fora do Brasil.

Conforme a artista, suas influências são amapaenses e paraenses. O material utilizado por ela é o papel machê, em 80% das obras e com texturas diferentes. As peças são requintadas, pois são ornamentadas com pedras preciosas do Brasil, como Ônix, Ágata e Cordolina. Além de fios encerados, espelhos, placas de madeira e inox. Muitas peças foram vendidas nestas exposições, o apoio da família, amigos e ótima aceitação do público incentivaram a artista na nova e promissora carreira. Rosa possui uma vastidão de sentimentos e imaginação para suas criações.

Enganam-se aqueles que pensam que são as mãos da artista que produzem as obras ou que sua técnica e imaginação são o bastante para tal. Seus instintos e experimentações fizeram da exposição uma síntese dos padrões estéticos de uma artista apaixonada pela natureza. O resultado da busca pela auto-expressão e uma feliz propensão para o surpreendente. Na verdade, por conta da sensibilidade, as obras são produzidas pelo coração de Rosa Moutinho.

“Não faço arte apenas pintando, uso colagens e texturas. Fiquei feliz com um senhor que comprou algumas de minhas obras, que disse: ‘Com este talento, o que você está fazendo aqui?’. Este tipo de entusiasmo me dá forças e me inspira para continuar produzindo minhas telas e peças”, assinalou Rosa Moutinho.

CANTINHO DA POESIA

Publicado no Caderno BATUQUE do jornal Correio do Amapá de domingo, 12/09

O POETA DE HOJE É SÍLVIO LEOPOLDO

FRUTA (*)

Silvio LeopoldoFruta leitosa rachada de boa

Ouvi de Bruno de Menezes

E fiquei assim com aquela imagem

Por meses e muitos meses

 

Batuque pra cá

Batuque pra lá

Estivesse acordado ou dormindo

Aquela coisa me perseguindo

 

Magos duendes simpatias

Ceres clamei não foi à toa

Colheita eterna da paixão mais pura

Fruta leitosa rachada de boa

 

Lembrei do bairro de Macapá

Em que me criei – bairro do Laguinho

Fruta leitosa

Preta do Laguinho

Rachada de boa

Preta do Laguinho

 

Batuque pra lá

Batuque pra cá

Palavras me encantam

O ritmo me mata

E ainda me vem o poeta dizer:

- é o cheiro malino que sai da mulata

 

Fruta leitosa

Preta do Laguinho

Rachada de boa

Preta do Laguinho

(*) Do livro “Cantares do Bordel”, Ed. do autor, Belém, 1999. Sílvio Leopoldo era poeta, compositor, bibliotecário e bacharel em Direito. Publicou Velas do Meu Mar (Macapá, 1970), Lira Ligeira, Cruz Gamada, entre outros.

A STEREOVITROLA DECOLA

Publicado no Caderno BATUQUE do jornal Correio do Amapá de domingo, 12/09

Por André Mont’Alverne

stereo11 A stereovitrola viajou na quinta feira(09) com destino a São Paulo, onde fará alguns shows na capital e no interior, e de lá segue direto para o Festival Vaca Amarela em Goiânia no dia 16/09. Este Festival também contará também com nomes renomados como Lobão e Velhas Virgens.

A banda tem a mesma formação desde 2004: Rubens (bateria), Anderson (guitarra), Marinho (contrabaixo), Wenderson-Matrix (sampler e sintetizadores), Otto Ramos (órgãos) e Patrick Oliveira (guitarras, ruídos e vocais).

Em entrevista, os membros da banda Ruan Patrick e Wenderson Matrix poucas horas antes da viagem, falaram ao Correio do Amapá. Patrick, o líder da banda revelou que com o tempo, a função de guitarrista e vocalista da stereo – como a banda é chamada pela maioria dos seus fãs – deixou de ser um hobby, já que a cobrança por mais shows aumenta à medida em que os admiradores vão aumentando.

Todos os integrantes possuem outras atividades. Atividades estas que a financiaram os 2 discos que a banda carrega no currículo, “cada molécula é um ser” de 2006, eleito o 6° melhor single independente do Brasil pela Revista Senhor F de Brasília neste mesmo ano, e o álbum "No Espaço Liquido" lançado em Outubro de 2009.

Rubens trabalha em uma gráfica, Otto é membro do Coletivo Palafita, Matrix, trabalha com informática, Patrick, é enfermeiro e professor, Marinho e o guitarrista Anderson também são professores.

Segundo o líder da banda Ruan Patrick, as músicas da stereovitrola, falam basicamente sobre o comportamento das pessoas, cotidiano e o cérebro humano. "Elas nascem no meu quarto, eu crio a melodia e a letra, e nos ensaios, cada membro da banda vai acrescentando idéias e tudo é discutido entre todos". Patrick revela também que a tecnologia veio para popularizar a música, e ela é importante tanto para os verdadeiros músicos, que estudam e lêem partituras, quanto para os adolescentes que estão trancados nos seus quartos tentando criar alguma coisa: "não tem como reclamar da variedade de elementos que estão ao alcance de todos com a evolução tecnológica" afirma.

Quando perguntado sobre as influências da Banda, Patrick diz que a Banda gaúcha Jupter Maçã, é uma influencia direta, assim como a música da década de 90. Vale acrescentar que o guitarrista Ruan Patrick, foi guitarrista da Lttle Big, uma banda que se tornou muito conhecida nos anos 90, e naquela ocasião ele não se preocupava em compor, uma vez que o repertório da Little Big era de covers na sua maior parte, e quando eram feitas músicas próprias, que tinham uma forte influência do maguebit, a responsabilidade ficava com o Antônio Malária (ex-vocalista da já extinta Little Big).

A banda Little Big deu certo até 2003, quando se dispersou, e pouco tempo depois em uma viagem pra Belém-Pa, Patrick teve o primeiro contado com a cena undergroud de Belém: "foi em Belém que eu tive o primeiro baque, quando eu vi o show da banda paraense Suzanna Flag e notei que o publico cantavam a música própria da banda".

Na volta, Patrick integrou, a convite, na banda B Sides. Ele diz: "lembro como se fosse ontem. O Marinho e o A.J. foram na minha casa e eu estava desesperado por não tocar mais em nenhuma banda e pela insegurança de compor, mas mesmo assim eu já tinha algumas músicas semi prontas, que posteriormente se tornariam parte do repertório da stereovitrola".

Em 2004 o A.J. saiu da banda, e a stereovitrola ganhou a formação que ainda permanece atualmente. Wenderson Matrix conta que com a saída do A.J., que tocava essencialmente músicas covers, a Banda se fortaleceu e focou um objetivo que era tocar músicas próprias.

A resposta do publico não demorou, e pouco a pouco as músicas foram se tornando cada vez mais conhecidas diante dos fãs de rock amapaenses. Hoje é comum o uso de camisas da banda nas ruas de Macapá, assim como pessoas cantando as músicas da banda nas apresentações que hoje, são esporádicas em Macapá.

A stereovitrola faz um som moderno, com composições inteligentes e arranjos bem elaborados, e já conseguiu a difícil tarefa estabelecer um estilo próprio. Isto já foi mostrado em festivais em Belém e em Cuiabá, e isto pode ser notado facilmente no seu último e excelente álbum "No espaço Liquido".

Segundo Patrick, todos os membros da banda estão ansiosos para gravar o próximo álbum, a fim de tentar transmitir em cd, a mesma atmosfera que a banda alcança nas apresentações ao vivo. Porém, com exceção da ajuda de alguns amigos, esses discos são custeados quase que inteiramente pelos próprios integrantes da banda.

O rock amapaense, que ultimamente vem ganhando espaço, tanto nas noites de Macapá, quanto nos diversos veículos que promovem a música alternativa pelo Brasil, também conta com outras bandas como: Godzila, Relis, Mini Box Lunar e Amaurose. Elas foram lembradas nessa entrevista. Patrick conta que, para fazer música, é importante ter uma biblioteca musical ampla e diversificada: “você precisa beber de várias fontes, porque se só ouvir muito determinado estilo ou banda, o máximo que você vai conseguir é soar igual” conta Patrick.

Os amapaenses apreciadores do rock and roll, de certa forma, estão indo junto com a stereo nessa mini-turnê pelo Brasil, pois a stereovitrola é a banda que segura as rédeas do rock amapaense e promete representar com autoridade o som alternativo do Amapá em terras distantes.

BATUQUE - A CULTURA ECOA NO MEIO DO MUNDO

O jornal Correio do Amapá abriu um Caderno de Cultura para circulação aos domingos. A convite do Superintendente Jara Dias, assumi a editoria.
Isto significa que a produção cultural amapaense, em todas as suas formas de expressão, tem um espaço privilegiado para divulgação.
Podem mandar material para o meu e-mail ou contatem-me pelo telefone 8111-0695 ou 9149-9536.
O primeiro caderno saiu no domingo passado (12/09). Vou postar aqui as matérias que foram editadas lá.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

TIM, TIM!!

elton_amigos Meus parabéns ao amigo Elton Tavares que aniversaria hoje. Elton é daquelas pessoas que sempre vale a pena ter por perto. Amigo, solidário, companheiro.

Seja muito, muito feliz.

Na foto, com alguns amigos eternos. (Sentados: Anderson e Samuel. De pé: Elton, Bruno e André).