segunda-feira, 31 de março de 2025

O valor de uma mensagem no WhatsApp

Fernando no Cafofo.
 *O Valor de uma mensagem no WhatsApp* 

Por Sônia Canto 

 🖤 "Sônia, amor querido da minha vida. Vou viver até o fim repartindo com você minhas angústias e meus sonhos. Nada se reparte se não estivermos acordados em um objetivo comum, e isso já é cumplicidade. Te amo na vida, no sonho de um Brasil e de um Amapá melhor, e na saudade. Na morte não, porque somos um sonho individual. Graças a Deus temos amigos. Temos nossos filhos e nossos netos. Então, temos tudo." (F. Canto) 

Hoje, ao revisitar algumas notas no celular de Fernando, encontrei a mensagem acima, que me tocou profundamente. Era uma mensagem do WhatsApp não enviada, um desabafo que ele havia guardado para si, mas que agora se transforma em um eco da nossa história e do amor que compartilhamos. Fernando se dirigia a mim, expressando um amor que transcendia o cotidiano e revelava uma cumplicidade genuína entre almas que compartilham não apenas sonhos, mas também angústias. 

Ele disse: "Vou viver até o fim repartindo com você minhas angústias e meus sonhos." Essas palavras ressoam dentro de mim com uma intensidade imensurável. Elas nos lembram da importância de estarmos conectados àqueles que amamos e de lutarmos juntos por um objetivo comum. Essa cumplicidade, que ele tanto valorizava, é um laço que se fortalece na resiliência e na esperança — e que agora se torna ainda mais precioso em sua ausência. 

A saudade é um sentimento que me acompanha todos os dias, um vazio que parece infinito, mas seu amor e suas palavras permanecem vivos em meu coração. Quando ele diz: "Te amo na vida, no sonho de um Brasil e de um Amapá melhor, e na saudade", sei que ele estava me chamando à ação, à crença, à manutenção da chama da esperança por dias melhores. 

Fernando sempre falava sobre a importância de valorizar as relações que construímos ao longo da vida. Mesmo diante da dor imensa da perda, ele me lembra que tenho muito a agradecer: "Graças a Deus temos amigos. Temos nossos filhos e nossos netos. Então, temos tudo." E é verdade. Embora a saudade aperte, a gratidão pelas pessoas que me cercaram nos momentos mais difíceis — e que hoje me oferecem seu colo —, assim como pelo legado que ele deixou, enche meu coração. 

Fernando era mais do que meu marido: era meu parceiro, meu amigo, meu confidente, meu amor. Suas palavras, sua sensibilidade e a maneira como ele me ensinou a amar mais, a sonhar mais e a ser grata são tesouros que levarei comigo para sempre. Que seu legado continue a inspirar todos que tiveram o privilégio de conviver com ele. Que seu legado nos impulsione a sonhar e a fazer do mundo um lugar melhor. 

A saudade talvez nunca vá embora, mas a lembrança do seu amor e da sua luta permanece viva em mim. E, com isso, sigo em frente, honrando cada momento que compartilhamos. 

Te amo eternamente, meu amor. 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

A presença da ausência.

Por Sônia Canto
Publicado em 29/12/2024 
Os dias passam lentos, mornos e insignificantes e, paradoxalmente, sua ausência se faz mais presente. As lembranças emergem em tempestades avassaladoras. Gestos, palavras inventadas cujo significado apenas a nós dois fazia sentido. Sem seu olhar as paisagens estão descoloridas, desfocadas. O Rio Amazonas forte e caudaloso, parece apequenar-se sem a sua apreciação. 

Sem sua presença os pássaros mudaram para outras plagas, pois o canto matinal tornou-se inaudível. 

Não vejo borboletas no nosso jardim, já que as flores estão sem beleza e preguiçosas. Lidar com a presença de sua ausência é um exercício exaustivo e permanente, sôfrego e voraz, estranho e pulsante. Consome a alma. 
O meu amor partiu e me deixou desnorteada, confusa e triste, mas as lembranças de tudo o que compartilhamos me fazem buscar com afinco a leveza necessária para que eu continue existindo. 

Compartilho um recorte da Crônica amorosa da casa de praia, escrita em 2010, onde nossa vivência brilha espraiada. 

... “Na rede da varanda a gente olhava a lua imensurável aos nossos olhos, em silêncio. Até que ela falou: - Obrigada, amor, foi um dia puxado, mas recompensador. Lembra-se disto? Disse-me mostrando um anel de ouro e brilhante, envelhecido. - Encontrei-o ao trocar a terra de um vaso quando meditava sobre o que tem sido a minha vida ao seu lado. Eu agradecia a Deus por ela ser tão cheia de desafios, de vitórias e de superações e por ser prenhe de amor e de perdão, justamente quando arranquei um pé de quebra-pedra e esmaguei a terra de suas raízes. Eu estava sem as luvas de borracha, pois tem hora que elas incomodam, e de repente aquele anel sujo parecia querer se alojar novamente no meu dedo. Foi um dia feliz porque recuperei um objeto que faz parte da nossa história, meu anel de noivado, que você me deu e que eu havia perdido durante a construção desta casa, lembra? Ah, eu tinha chorado tanto e agora ele volta para o meu dedo assim... Tão simples. Eu a deixei chorar de alegria, um aparente gesto de fragilidade no rosto de uma mulher tão forte e corajosa. Apesar de estarmos cansados, conversamos abraçados a noite inteira, falando da vida, das coisas que vão e que voltam mesmo quando nem imaginamos e, claro, dos netos e filhos, tão inteligentes e bonitos. Então o sol chegou como um imenso anel de brilhante para iluminar nossa história de amor e os sonhos que sonhamos para quem amamos, nos embalando na rede da varanda da nossa casa de praia.” (Fernando Canto)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

De volta.

 


Há muito não escrevo aqui. Especificamente a última postagem foi em 19/07/2016, quando celebrava a saúde de minha mãe, Alba.

De lá pra cá muitos acontecimentos provocaram emoções fortes. Os mais significativos foram: em 2017, o falecimento de minha mãe e em 2024 o falecimento de meu amor, Fernando Canto.

Estou de volta para registrar e fixar momentos que compartilhei  com Fernando em quase 38 anos de vida conjugal.

Crescemos muito nesta trajetória. Celebramos vitórias, choramos diante de situações complicadas. Sempre optamos por seguir em frente, apesar dos percalços ou das conquistas.

Vou compartilhar aqui os textos que escrevi desde 29/12/2024, data que marcou o início de sua jornada para o infinito e momento significativos de nossa vida comum.

Sim. Estou de volta.